agosto 11, 2008

A TÁTICA DO MOSTRAR - ESCONDENDO

Estava na estação de trem a caminho de uma das escolas para lecionar, quando notei a presença de uma moça que não apresentava nenhum atrativo especial no seu rosto ou nas suas formas. Era uma mulher comum. O problema – se é que posso chamar assim – era que a mulher se preparou para ser admirada. Tinha nos seus óculos escuros, o esconderijo do rosto; na camiseta intencionalmente curta aquele jogo de mostrar escondendo; na calça de brim (me nego a chamar de jeans), a linha exata entre a medida da cintura e o início do quadril, deixando amostra a calcinha cuidadosamente escolhida para aparecer.
Ao analisar o conjunto, percebi que não era a beleza dela que me chamava a atenção, mas o seu estilo, a maneira com que ela transmitia a segurança de se considerar uma linda mulher, independente do que qualquer um pudesse opinar.
Olhando em volta, percebi que eu não era o único nessa análise. Apesar daquele assédio velado, a moça permanecia altiva e alheia. O trem chegou e todos embarcaram para seus destinos. Sua inércia pareceu ter sido rompida quando ela percebeu a insistente observação dos passageiros e, lentamente, puxou a calça para baixo com a intenção de evidenciar ainda mais a borda da calcinha.
Para o desânimo de todos os passageiros, a moça desembarcou. Com a certeza de que jamais a veria novamente, comecei a pensar em como é simples para a mulher conseguir chamar a atenção dos homens. Nessa época, em que o corpo feminino ficou banalizado, nós passamos a preferir a sutileza do cobrir à ousadia do mostrar. Na moda do silicone, onde belíssimas modelos, atrizes e demais beldades se preocupam em retocar detalhes, aparar uns lados, recauchutar outros, a forma parece superar o jeito feminino.
Obviamente, é bom poder admirar um corpo bem esculpido pela natureza, mas é inegável que a tática do mostrar – escondendo está conquistando mais adeptos a cada dia.

agosto 10, 2008

AS DESVENTURAS E O GENGIBRE

Infelizmente, aquela foi uma daquelas semanas que, se não existisse na nossa vida, não faria nenhuma falta. Não adianta dizer que tudo é um aprendizado, que problemas nos fortalecem e que cada um carrega a cruz que pode suportar.
Naquele semestre, eu trabalhava no município de Dois Irmãos, em Sapucaia do Sul, Gravataí e Porto Alegre. Meu dia de menor movimento era sexta-feira, pois eu apenas lecionava em Dois Irmãos no turno da tarde e encerrava minha semana de trabalho. Aquele era um final de semestre cansativo, como vários passados por qualquer pessoa normal. O fato de estar trabalhando em quatro municípios diferentes não piorava a minha situação.
Desgastado pela correria, fui para Dois Irmãos para encerrar minha semana, quando no meio do caminho, meu carro começou a aquecer demais. Tive que pará-lo no meio da estrada e aguardar por um socorro que demorou 1h30 para chegar e veio pelas mãos de um mecânico que fazia rondas pela BR-116 para “auxiliar” aqueles que precisavam.
Ele informou que um “selo” do radiador tinha furado e que era preciso trocá-lo. Sem alternativa, aceitei o serviço. O pagamento pela peça, mão-de-obra e socorro foi muito mais salgado que o esperado, mas não havia outro jeito. Infelizmente, não havia mais tempo para lecionar e isso me deixou muito irritado.
Somado o cansaço do final de semestre com o fato inédito de ter ficado um tempão numa rodovia, esperando por um socorro incerto, resolvi “fugir” um pouco dos problemas e passear pela serra. Viajar sempre me fez bem e eu acreditava que dessa vez não seria diferente.
Depois do agradável percurso até Gramado, acompanhado pela minha então namorada, procurei por um restaurante para almoçar. Ao reduzir a velocidade para passar por uma lombada, fui surpreendido por uma colisão na traseira do meu carro por uma Brasília caindo aos pedaços. Imediatamente, imaginei que jamais receberia o dinheiro pelos danos causados. Para a minha sorte, o motorista era funcionário de um famoso café colonial e me informou que o proprietário pagaria a despesa, sem problemas. Depois de um orçamento superficial, cobrei pelos danos da forma mais justa possível. Se eu tivesse algum prejuízo, já seria lucro, pois não esperava receber nada.
Aborrecido com o fracasso da minha saída, resolvi retornar a Porto Alegre, e me esquecer do mundo. A chuva de final de semana era própria para o meu desânimo.
As aulas de segunda-feira começavam apenas no turno da noite e, quando cheguei no estacionamento do meu prédio, vi o vidro traseiro do meu carro quebrado e o painel completamente destruído. Além do prejuízo, o carro estava cheio de água.
Diante de tantos problemas seguidos, resolvi caminhar sob a chuva para “arejar” as idéias. Caminhei por várias quadras, até que o horário me obrigou a pegar um ônibus para não me atrasar. Chegando em sala de aula, trabalhei como se nada tivesse acontecido. Os alunos apenas estranharam o fato do meu blusão estar pingando e eu não ter tirado. (nem havia percebido). Banho de chuva, sala de aula abafada e professor de História falante resultaram em uma rouquidão imediata.
No dia seguinte, uma aluna me ofereceu gengibre, dizendo que era um “santo remédio” para a garganta. Mesmo sem conhecer a iguaria, agradeci com o entusiasmo de quem estava esperando por essa solução. Esperei até o intervalo, sem saber o que fazer com aquela raiz. Descasquei o gengibre e deu uma mordida, como se fosse uma maçã. Péssima idéia. Meus lábios amorteceram imediatamente e uma lágrima rolou pelo meu rosto.
Aquele gosto me fez perceber que Schopenhauer tinha razão quando dizia que “nada é tão ruim que não possa ficar pior”. Depois de tantos problemas, a minha história encerrava com um singelo gosto ardido, mostrando que os problemas se resolvem facilmente.

agosto 08, 2008

O ATRASO E O EXAME DE FEZES

Concordo... Se eu estivesse ouvindo esta narração, jamais acreditaria que tivesse realmente ocorrido. Coisas ruins, estranhas e engraçadas acontecem todos os dias, mas numa sucessão tão infeliz, é quase inverossímil.
Esta narrativa não pretende dar lições de moral ou ensinar nada a ninguém, mas serve como um relato de como o atraso pode afetar de forma incalculável a vida de uma pessoa.
Por alguns anos, fiz escavações arqueológicas pelo interior do Estado, durante os períodos de férias escolares. Nas saídas de campo, a higiene não era a preocupação primordial da equipe, afinal, estávamos, geralmente, em regiões distantes de qualquer estrutura urbana. Assim, a alimentação não podia ser cercada de preocupações dessa natureza. Os almoços se restringiam a sanduíches misturados com folhas e terra. Essa função durava dias e até semanas.
Diante desse “desapego” à higiene imposto pela circunstância, contaminações poderiam acontecer. Confesso que nunca me preocupei com esses detalhes, mas resolvi me precaver de qualquer surpresa desagradável e marquei consulta com um clínico geral para pegar os requerimentos de exames. A data da consulta ficou para o mesmo dia do início das aulas. Na época, eu lecionava em Sapucaia do Sul e precisava sair de casa às 18h para não chegar atrasado em aula. Marquei a consulta para as 15h para não correr nenhum risco de atraso.
No dia e hora marcados, estava na clínica na qual minha família sempre foi conveniada (esse fato será relevante em breve...) e aguardei na sala de espera com uma certa tranqüilidade, já que a minha ficha era a terceira, eram 14h50 e o atendimento começava às 15h. Minha preocupação iniciou às 16h, quando o médico ainda não havia chegado ao consultório e a sala de espera estava lotada.
Nessa hora, avistei um médico conhecido passando pelo corredor da clínica. Tratava-se do meu antigo pediatra. Saí da sala de espera, fui ao seu encontro e, após aquelas conversas amenas e superficiais, contei-lhe minha situação. Como se tratava de uma simples requisição, pediu que fosse até a sala de espera do seu consultório e que logo eu seria chamado. Entrei, sentei e esperei. Havia algo estranho no ar, pois percebi umas 4 ou 5 mulheres que não tiravam os olhos de mim. Definitivamente, seus olhares não mostravam qualquer tipo de flerte ou interesse. Era estranheza mesmo.
Entendi a situação quando li a placa na porta que anunciava a nova especialidade do meu antigo pediatra: Ginecologia e obstetrícia.
Aqueles longos minutos de espera terminaram com o médico me chamando ao seu consultório, preenchendo o pedido de vários exames e me acompanhando até a saída. Esperava que a situação estivesse encerrada, mas assim como a narrativa de Joseph Climbert, “a vida é uma caixinha de surpresas” e meu abnegado pediatra fez questão de me acompanhar até o laboratório para pegar os recipientes necessários para “as coletas”.
Para a minha infelicidade, a atendente do laboratório era um daqueles monumentos de capa de revista e, antes que eu entregasse as requisições de forma discreta, com a tola esperança que ela não percebesse do que se tratava, o doutor alardeou um “pega potinhos pra coletar o coco e o xixi desse garoto”.
Depois de um sincero agradecimento, me despedi do médico e logo a atendente chegou com os potes, informando que eu deveria fazer as coletas em jejum e entregar o “material” até as 9h do dia seguinte, em ponto.
Quando vi o tamanho do pote de coleta das fezes e imaginei a minha capacidade produtiva, pensei no problema que teria.
No dia seguinte, coletei a urina sem nenhum problema, mas fiquei uns cinco minutos no banheiro elaborando vãs estratégias para coletar as fezes. O jeito foi colocar o pote na saída do “material” e tirar os excessos com a tampa. Ufa! Missão cumprida e potes cheios. Mas... como sair na rua com aquele material à mostra? Enrolei os potes num jornal, coloquei numa sacola plástica e saí de casa.
Fui direto ao laboratório e, chegando 5 minutos após o horário, a atendente informou que o motoboy já havia saído com as remessas da manhã. Não adiantou argumentar que eram “apenas” 5 minutos, pois isso não faria o entregador retornar.
A atendente informou que a solução era simples. Bastava colocar os potes em vários sacos plásticos, amarrá-los bem e deixá-los na (argh!) geladeira. Sem alternativa, saí da clínica, joguei o material no banco traseiro do meu carro e fui para casa.
No caminho, encontrei um amigo com problema no carro. Ele informou que o carro não pegava direito e que depois de percorrer alguns metros, apagava. Diante da situação, fechei o meu carro e me ofereci a acompanhá-lo até o mecânico, pois caso o carro apagasse no caminho, eu ajudaria a empurrar.
Obviamente, esqueci do material coletado e, duas horas depois, com um sol de 35 graus cozinhando o interior do meu veículo, retorno. Não precisei lembrar do material, pois ao abrir a porta do carro, o cheiro denunciou o meu esquecimento.
Resumo da história: um mês depois do ocorrido, o odor no meu carro insistia em me lembrar da minha fraca memória e dos meus constantes atrasos. O preço de 5 minutos de atraso foi caro demais para mim.

A propósito, todos os exames realizados posteriormente deram negativo.

agosto 07, 2008

A LÓGICA DAS CERTEZAS E O FERVOR RELIGIOSO

O medo é uma presença constante na vida do homem e os seus artifícios de fuga no mundo atual são muitos, mas invariavelmente, levam à angústia. A lógica das certezas é a tentativa de explicar a fuga do medo, desenvolvendo respostas ilusoriamente eficazes, como uma tentativa de autoterapia da cultura moderna.
A crise do capitalismo de 1929 fez os fundamentos sociopolíticos e econômicos se romperem, o que levou algumas nações a fugirem para um nacionalismo primitivo. O mesmo fenômeno vale para os mitos da totalidade do “New Age” e o embuste das práticas do esoterismo narcísico.
As religiões fundamentalistas não tentavam fugir, mas compensavam a perda de Deus através de uma regressão ao antigo. Tratava-se de um abandono de utopias, de projetos e da história, pois se a proposta é retornar ao passado, não é necessário lembrar ou recordar.
Atualmente, o fervor religioso se manifesta de duas formas distintas. De um lado, as religiões que mostram certeza na sua fé, no seu “deus”, demonstrando tolerância e compreensão às demais religiões, já que os outros não ameaçam sua fé. De outro, as seitas, muitas delas evangélicas, que desprezam o ecumenismo e criticam as demais religiões, mostrando um poder que não serve à fé, mas um abuso da fé para legitimar o seu poder.
De uma forma geral, as religiões baseiam-se num sistema de normas e valores que se orientam por idéias de amor, justiça, liberdade, fraternidade e até redenção. Mas os valores se transformam em mera ideologia, se for preciso legitimar a fé.
Essa ideologia torta busca adeptos convencendo-os de que qualquer pessoa que não partilhe dos valores da sua religião será débil, estúpida ou louca. O conceito é frágil e pode se desfazer em pouco tempo, caso não se tenha constantes mensagens.
Mas os líderes conseguem manter suas mensagens sempre próximas ao fiel, utilizando questões de fé e exemplos dos vários exageros cotidianos - como a torcida por um time de futebol, a política partidária e a compulsão pelo sucesso - para defender seus argumentos.
O homem é um ser conflitivo e necessita de liberdade e abertura. Deve-se aprender a partir do fracasso das promessas e suportar a dúvida, reconhecê-la como elemento constituinte da condição humana e tentar configurá-la ao invés de oprimi-la.

agosto 06, 2008

SULAMITA, A PRECURSORA ESQUECIDA

Sulamita era uma camponesa que fora desposada por Salomão, tendo sua história de amor relatada no livro Sapiencial do “Cântico dos Cânticos”. Através dos seus apaixonados relatos, o homem conheceu pela primeira vez na literatura, os sentimentos femininos. É a primeira manifestação de amor conhecida pelos homens: um amor mútuo e fiel.
A função desempenhada por Sulamita na História não apresenta paralelo em sua época, pois o amor feliz, tranqüilo e abençoado não fazia parte da realidade do mundo antigo. As grandes histórias de amor conhecidas na época, invariavelmente, acabavam em trágicos finais, o que delegava à mulher a fama de ser o instrumento da maldição e perdição humana - tanto na cultura Hebraica, quanto na Greco-Romana.
Sulamita, assim, desempenha dupla função, fazendo desaparecer a “névoa de aspectos catastróficos” que pairava sobre as cabeças das mulheres dispostas a amar; e tirando o “véu do silêncio submisso” que cobria as mulheres, mostrando com inigualável franqueza todos os seus pensamentos.
Segundo o autor que escreveu a introdução do Cântico, na Bíblia de Jerusalém, “...Este livro, que não fala de Deus e que emprega a linguagem de um amor apaixonado, tem causado estranheza.” Realmente esta estranheza é uma questão colocada com freqüência e, por isso, após esta colocação citada, o autor parte para várias possíveis explicações que tentam justificar a existência deste livro na bíblia.
Para mim, basta reportar a atenção para Gênesis 3, 6-8 onde O CASAL come o fruto proibido. Sim! Quem comeu foi o casal. Depois de comer o fruto, ambos abriram os olhos e perceberam que estavam nus, ou seja, passaram a vivenciar a maldade de pensamento e a malícia.
Essa vivência maliciosa leva-nos a questionar o Cântico dos cânticos pelo seu conteúdo, sem que percebamos o ensinamento sobre a bondade e a dignidade do amor e, sobretudo, sem que percebamos a existência de Sulamita que pode ser considerada a precursora das mulheres que se expuseram sem pudores, tendo como similares, talvez a manifestação de coragem de Leila Diniz, ao mostrar-se grávida e de Biquíni na praia, diante de uma sociedade, considerada por ela, hipócrita; ou talvez como Clarice Lispector que manifestou toda a sua angústia, se mostrando frágil e delicada diante do mundo.
De qualquer maneira, Sulamita mostra, na sua essência, um amor puro, fiel e sincero, somente comparável ao amor de mãe que torna TUDO supérfluo, em detrimento ao objeto do seu amor.

agosto 05, 2008

O FASCÍNIO DA VIOLÊNCIA EM TEMPOS DE AUTONOMIA

A postura agressiva, adotada por alguns jovens, causa estranheza entre os adultos que não entendem a sua origem. Vários fatores tentam explicar tal postura dos adolescentes, desde uma necessidade desesperada de auto-afirmação entre seus amigos até a simples satisfação de superioridade ao humilhar um semelhante. Em tempos de busca pela autonomia na formação do adolescente, o fascínio pela violência aparece como uma das várias barreiras impostas nessa caminhada.
Ao ocorrer um ato de violência, seja numa briga generalizada num jogo de futebol ou numa agressão isolada, percebe-se nos comentários, tanto dos espectadores quanto dos protagonistas, uma sutil satisfação ao narrá-lo aos seus amigos. Estranhamente, mesmo sendo agredidos, alguns protagonistas consideram um saldo positivo ter “batido mais do que apanhado”.
Numa era de globalização, onde a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade aparecem como prioridades na formação escolar, e as relações pessoais tornam-se instrumentos dessa primazia, os educadores utilizam a “Pedagogia da Autonomia” para corresponder às necessidades formativas do aluno. Em Paulo Freire, educar é construir, é libertar o ser humano das cadeias do determinismo neoliberal, reconhecendo que a História é um tempo de possibilidades. É um "ensinar a pensar certo" como quem "fala com a força do testemunho". É um "ato comunicante, co-participado". Trata-se de uma "História em que me faço com os outros (...) é um tempo de possibilidades e não de determinismo".
Contrapondo a todo o esforço pedagógico das instituições de ensino, o mundo contemporâneo traz o revés do individualismo, onde o homem está isolado no seu universo. A conseqüência dessa característica é o decorrente desprezo pelo semelhante, trazendo a banalidade da agressão.
O grande desafio no processo de autonomia do educando é tentar reverter a tendência social que obriga o homem ao isolamento. Entretanto, como fugir desse determinismo? Como fazer da educação um ato “co-participado e comunicante”? Como “fazer com os outros”?
As respostas desaparecem quando se vê que os educadores - empreendedores da “Pedagogia da Autonomia” – estão impotentes e inertes diante dessa realidade de mundo e que, sendo integrantes dessa realidade, isolam-se no seu universo.
Enfim, antes de criticar a agressividade dos adolescentes e supor as suas possíveis causas, lamentando-se de um futuro sombrio para eles, deve-se perceber a violência como um reflexo de uma realidade que leva o homem a pensar no seu exclusivo bem-estar, realidade na qual todos fazem parte e colaboram para mantê-la, direta ou indiretamente.


Baader-Meinhof Blues
Legião Urbana
A violência é tão fascinante
E nossas vidas são tão normais
Você passa dia e noite e sempre vê
Apartamentos acesos
Tudo parece ser tão real
Mas você viu esse filme também
Andando nas ruas
Pensei que podia ouvir
Alguém me chamando
Dizendo meu nome
Já estou cheio de me sentir vazio
Meu corpo é quente e estou sentindo frio
Todo mundo sabe e ninguém quer mais saber
Afinal, amar o próximo é tão démodé
E essa justiça desafinada
É tão humana e tão errada
Nós assistimos televisão também
Qual é a diferença?
Não estatize meus sentimentos
P'rá seu governo,
O meu estado é independente
Já estou cheio de me sentir vazio
Meu corpo é quente e estou sentindo frio
Todo mundo sabe e ninguém quer mais saber
Afinal, amar o próximo é tão démodé

agosto 04, 2008

O INDIVÍDUO MORAL E O COLETIVO IMORAL

Na antigüidade, os políticos romanos entretinham a população com o pão e circo, onde o circo eram os cristãos sendo devorados por leões. Na Idade Média, as coisas mudaram com os cristãos, pois de comida passaram a ser donos do circo e com eles no controle, bruxas e hereges eram queimados em praça pública, com o povo fazendo festa, se alegrando com o cheiro de churrasco e com os gritos.
Um teólogo protestante (Reinhold Niebuhr, para quem quiser saber) escreveu “O Homem Moral e a Sociedade Imoral”, onde observava que os indivíduos isolados têm consciência. São seres morais. Sentem-se responsáveis por aquilo que fazem. Mas, quando passam a pertencer ao grupo, a razão é silenciada pelas emoções coletivas.
Indivíduos que, isoladamente, não fariam mal a uma borboleta, se incorporados a um grupo tornam-se responsáveis por atos muito cruéis. Participam de linchamentos, são capazes de pôr fogo num indigente adormecido e de jogar bomba no meio da torcida adversária. Indivíduos são seres morais. Mas o grupo não é moral. O grupo é uma prostituta que se vende a preço baixo.
O grupo é movido pelo poder do momento. O grupo não pensa. Somente os indivíduos pensam. Mas o grupo detesta os indivíduos que se recusam a serem assimilados à coletividade. Uma coisa é o ideal democrático, que eu tanto amo. Outra coisa são as práticas de engano que seduzem a coletividade com muita facilidade. O grupo é massa de manobra sobre os quais, os espertos trabalham.
POVO SEM CULTURA É MASSA DE MANOBRA.