agosto 07, 2008

A LÓGICA DAS CERTEZAS E O FERVOR RELIGIOSO

O medo é uma presença constante na vida do homem e os seus artifícios de fuga no mundo atual são muitos, mas invariavelmente, levam à angústia. A lógica das certezas é a tentativa de explicar a fuga do medo, desenvolvendo respostas ilusoriamente eficazes, como uma tentativa de autoterapia da cultura moderna.
A crise do capitalismo de 1929 fez os fundamentos sociopolíticos e econômicos se romperem, o que levou algumas nações a fugirem para um nacionalismo primitivo. O mesmo fenômeno vale para os mitos da totalidade do “New Age” e o embuste das práticas do esoterismo narcísico.
As religiões fundamentalistas não tentavam fugir, mas compensavam a perda de Deus através de uma regressão ao antigo. Tratava-se de um abandono de utopias, de projetos e da história, pois se a proposta é retornar ao passado, não é necessário lembrar ou recordar.
Atualmente, o fervor religioso se manifesta de duas formas distintas. De um lado, as religiões que mostram certeza na sua fé, no seu “deus”, demonstrando tolerância e compreensão às demais religiões, já que os outros não ameaçam sua fé. De outro, as seitas, muitas delas evangélicas, que desprezam o ecumenismo e criticam as demais religiões, mostrando um poder que não serve à fé, mas um abuso da fé para legitimar o seu poder.
De uma forma geral, as religiões baseiam-se num sistema de normas e valores que se orientam por idéias de amor, justiça, liberdade, fraternidade e até redenção. Mas os valores se transformam em mera ideologia, se for preciso legitimar a fé.
Essa ideologia torta busca adeptos convencendo-os de que qualquer pessoa que não partilhe dos valores da sua religião será débil, estúpida ou louca. O conceito é frágil e pode se desfazer em pouco tempo, caso não se tenha constantes mensagens.
Mas os líderes conseguem manter suas mensagens sempre próximas ao fiel, utilizando questões de fé e exemplos dos vários exageros cotidianos - como a torcida por um time de futebol, a política partidária e a compulsão pelo sucesso - para defender seus argumentos.
O homem é um ser conflitivo e necessita de liberdade e abertura. Deve-se aprender a partir do fracasso das promessas e suportar a dúvida, reconhecê-la como elemento constituinte da condição humana e tentar configurá-la ao invés de oprimi-la.

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